SALVE, SANTO PAI!
Outubro, mês missionário, mês que celebramos nosso FUNDADOR!
Segue um lindo artigo para meditação de um de seus filhos espirituais...
São Paulo da Cruz, rogai por nós!
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UM SANTO PARA HOJE
Meditação sobre São Paulo da Cruz.
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Outubro é um mês em
que a liturgia celebra grandes santos. Dentre eles, vale destacar a figura
ilustre de São Paulo da Cruz, fundador da Congregação da Paixão de Jesus Cristo
(Passionistas). Ele nasceu em 03 de janeiro de 1694. É exatamente no século XVIII
que este cristão viveu intensamente sua vocação. Neste século, como sabemos,
predominava a influência do iluminismo, onde se buscava explicar tudo à luz da
razão. O racionalismo que se desenvolveu não aceitava a fé, nem qualquer coisa
que viesse da religião. Aliás, neste século, chegou-se a decretar a morte de
Deus. Essa morte se explica pelo fato de que o homem retirou Deus do centro e
colocou totalmente a sua confiança na razão, rainha e senhora de tudo o que
pode ser demostrado empiricamente.
Como pode, por
outro lado, um século tão ateu e descrente, ter oferecido ao ocidente o maior
místico de todos os tempos? O que fez Paulo da Cruz para alcançar tão digno
prestígio e ganhado a atenção de inúmeras pessoas? Um primeiro acontecimento se
faz notar em sua juventude. Sempre inquieto e desejoso de encontrar sentido
para sua vida, Paulo resolveu definitivamente seguir a Jesus, mesmo sem saber o
que deveria fazer. Ele sai da tutela da família e quer viver na solidão, oração
e contemplação. Chega a fazer até um retiro de quarenta dias. O que isso
significa? Se em sua época, as pessoas buscavam o sentido em suas próprias
convicções pessoais, Paulo opta viver em um profundo abandonar-se no seio de
Deus. Ele foi entendendo que sem Deus não é possível ser feliz, nem ter paz.
Sabemos, por outro lado, que o discurso desenvolvido pelo iluminismo acabou
configurando uma ideia de progresso toda voltada para as grandes conquistas e
invenções meramente humanas. Porém, a história mostrou que essa noção de
progresso, puramente humana, acabou fracassando e destruindo muitas vidas, como
foi o caso das guerras mundiais e das bombas atômicas. Paulo da Cruz, propôs o
abandono do nosso Nada no Tudo que é Deus. Para ele, o verdadeiro progresso da
humanidade estaria exatamente em Jesus Crucificado, escândalo e loucura, porém,
graça e sabedoria para os que creem.
Um segundo elemento
que chama a atenção na vida de Paulo da Cruz é a sua praticidade e
disponibilidade em dar atenção as pessoas. Afirma-se que ele escreveu mais de
trinta mil cartas. Hoje 2500 são conservadas, estudadas e meditadas. Esse dado
revela que o místico na medida em que vive em total entrega a Deus, da mesma
forma vive em total doação as pessoas. O atendimento dele era personalizado e
buscava encontrar solução para os problemas pessoais. A metodologia de Paulo
realizava um mergulho na vida e, ao mesmo tempo, resgatava o indivíduo do fundo
do poço do desânimo em que se encontrava. Eis porque ele era tão querido,
solicitado e amado. Se hoje temos as redes sociais, mas ainda somos invadidos
pelo sentimento de solidão, deveríamos aprender com Paulo da Cruz o gosto de
viver em comunidades reais e ter contato com pessoas concretas. Mais uma vez é
preciso não condenar o racionalismo, mas indicar seus limites. Se a razão quis se
libertar de Deus porque acreditava que Ele não era mais necessário, tendo em
vista que o progresso disponibilizava ao homem aquilo que ele queria, Paulo
ensina que o necessário é Deus e só com Ele é possível desfrutar daquilo que
não passa. Quantas vezes também nós, hoje, almejamos um bem material, tão
badalado nas propagandas comerciais e, depois que tomamos posse dele, parece
que ficamos mais vazios e com desejo de ter mais. Para Paulo não é a coisa, mas
o dono da criação quem garante o necessário para vivermos. Que tal fazermos o
Divino Nascimento? Deixemos para trás o desejo pelo descartável e nascemos para
o perene!
Por fim, vale
lembrar outro elemento da existência de Paulo da Cruz que nos inspira hoje.
Trata-se da meditação da Memória da Paixão. Na verdade, tal aspecto é como um
novo êxodo, uma intervenção pontual e irrepetível de Deus na história dos
homens, por meio da morte e ressurreição de Jesus Cristo. Trata-se de
presentificar esse acontecimento na própria vida e experimentá-lo como libertação
pessoal e comunitária, sempre reconhecendo que só o amor pode redimir e
libertar radicalmente. Atualmente vivemos um contexto global caótico. Parece
que nada vai bem. As guerras, as agressões das campanhas políticas, a ansiedade
que toma conta de nós, a incerteza das nossas decisões, enfim, as vezes se tem
a impressão de que a vida é abalada de todos os lados. Diante disso, é
necessário ancorar nossa existência em um porto seguro, em algo que não
decepciona e pode nos garantir uma segurança plena. O que seria isso? Paulo da
Cruz propõe exatamente a Paixão de Cristo, como evento salvífico que só por ele
e nele seremos felizes. Como místico, teve uma grande intuição: depois de
constatar que as coisas não iam bem, devido o esquecimento da Paixão, descobriu
que a mesma é o remédio mais eficaz para curar os males do mundo. Como seria
bom se hoje as pessoas tomassem uma dose desse remédio! Para isso ser possível,
vamos dar esse remédio a quem ainda não o descobriu? Basta amarmos, o resto
acontecerá. Você verá!
Viva São Paulo da Cruz!
Ademir Guedes Azevedo, CP.