sexta-feira, 10 de julho de 2015


MEMÓRIA DA COROAÇÃO DE ESPINHOS DE JESUS

Do livro: “Dei tesori che abbiamo in Gesù Cristo”, de São Vicente Maria Strambi, bispo. Liturgia das Horas próprio da Congregação da Paixão, p 911-912.

Os soldados teceram uma coroa de espinhos e colocaram-na na cabeça

Aqueles desalmados algozes, depois de terem flagelado Jesus até derramar sangue por todas as partes do seu corpo, vendo que a sua veneranda cabeça ainda não estava ensanguentada, como ferozmente o desejavam, resolveram feri-la impiedosamente e fazer d’Ele um rei de burla e de ignomínia.
Observai atentamente os ornamentos deste nosso Rei. Sobre os seus ombros colocaram um farrapo de púrpura: Tiraram-lhe a roupa e envolveram-no num manto vermelho. Tecendo depois uma coroa de longos, duros e agudos espinhos, colocaram-na na cabeça em jeito de coroa própria de um rei de burla; na mão direita uma cana como cetro, própria da sua condição, e, reunida toda a coorte, que se lembram de fazer? Desfilam diante d’Ele, e, às gargalhadas e com maneiras insultuosas, ajoelham-se diante d’Ele como em ato de adoração, escarnecendo-O. Saúdam-no como a um rei de ignomínia, dizendo: Salve, Rei dos Judeus!, enquanto Lhe davam cruéis bofetadas. E, como se ainda não bastasse, cuspiam-Lhe no rosto e, pegando na cana, batiam-lHe fortemente com ela sobre a coroa de espinhos, para que eles abram novas feridas ou alarguem e agravem as já existentes.
Quanta dor! Quanto sofrimento! Como deve ter ficado essa cabeça sagrada! O sangue corre abundante de todas as partes, empapa os cabelos, banha a fronte, escorre pela face do divino Redentor. Quantas lágrimas deverá ter derramado Jesus neste tormento! Mas, quem se move de compaixão para com Ele?
Convém pararmos aqui um pouco e penetrarmos, tanto quanto possível, nos segredos da sabedoria e do amor de Jesus, que tanto sofre. Com esta atitude, Ele queria certamente, despertar em nós o amor ao sofrimento, desejando, por este caminho e seguindo o seu exemplo, levar-nos para o Céu.
As tribulações, diz-nos São Paulo, servem para adquirirmos a paciência, sem a qual nada se faz com perfeição. Como o fogo, a paciência purifica a alma e revela com segurança a sua bondade. Além disso, a paciência aumenta a confiança e a esperança que temos em Deus; a esperança não engana. Assim, por meio das tribulações, nós conseguimos a salvação e a vida. e tudo isto, que neste pobre desterro é de brevíssima duração e até de peso muito leve, acarreta-nos um premio de imenso valor, reserva-nos uma glória incomparável e a felicidade eterna no Céu.

Não deveríamos, pois, ter em grande estima os sofrimentos que nos trazem tão grandes bens? Tanto mais que toda a tribulação nos é enviada por Deus; e nenhuma nos poderá atingir que ao seja permitida pelo nosso Pai celeste, que tudo dispõe para o nosso bem. É ele mesmo que, com a sua mão amorosa, nos apresenta o cálice amargo do sofrimento. O cálice é amargo, mas temos de olhar para a mão que no-lo oferece e para os bens que com ele nos granjeia.