sexta-feira, 14 de novembro de 2014


Nesta semana, na Memória Passionis, meditaremos, em união com toda família passionista que neste dia reza o Ofício Votivo, Jesus que ressuscita do Sepulcro. Recordando o Sepulcro glorioso de Cristo, compreendemos melhor que o mistério de Cristo crucificado é inseparável do mistério de Cristo ressuscitado, e que a Paixão de Jesus recebe a sua plena luz e compreensão a partir da sua Ressurreição.

Era necessário que Cristo sofresse para assim entrar na sua glória
Dos sermões de Santo Anastásio de Antioquia

Cristo, tendo demonstrado por palavras e obras que era verdadeiro Deus e Senhor do universo, ao dirigir-se para Jerusalém dizia aos seus discípulos: Subimos para Jerusalém, e o Filho do Homem será entregue aos gentios, aos pontífices e aos escribas, para ser escarnecido, flagelado e crucificado. Fazia, na verdade, estas afirmações em perfeita consonância com os vaticínios dos Profetas, que tinham anunciado de antemão a morte que Ele havia de sofrer em Jerusalém.
Ora, tendo a Sagrada Escritura profetizado, desde o princípio, a morte de Cristo com os sofrimentos que haviam de a preceder, predisse também o que sucedeu ao seu Corpo depois da morte; e predisse também que Aquele a quem isto aconteceu é Deus impassível e imortal. De outro modo, nunca Ele seria Deus se nós, com os olhos postos na verdade da Encarnação, dela não pudéssemos deduzir, com inteira justiça, as razões de podermos confessar uma e outra coisa, ou seja, o seu sofrimento e impassibilidade e, ao mesmo tempo, a causa pela qual, sendo o Verbo de Deus, e, portanto impassível, Se sujeitou à morte. É que, de outra maneira, o homem não podia ser salvo. Só Ele o sabia e aqueles a quem quis revelar: conhece, com efeito, tudo o que é do Pai, tal como o Espírito perscruta as profundezas dos mistérios divinos.
Era necessário, na verdade, que Cristo sofresse. A Paixão não podia de modo algum evitar-se. Ele mesmo o afirmou ao chamar insensatos e lentos de coração aos que ignoravam ser necessário que Cristo assim sofresse para entrar na sua glória. Com efeito, desceu à terra para salvação do seu povo, deixando aquela glória que tinha junto do Pai, antes da criação do mundo. Mas a salvação devia consumar-se por meio da morte do Autor da nossa vida, como ensina São Paulo:

Ele é o Autor da vida,
elevado à glória perfeita através dos sofrimentos.

Assim se vê como a glória do Unigênito, que por nossa causa tinha deixado por breve tempo, lhe foi restituída, por meio da Cruz, na carne que tinha assumido. É o que afirma São João no seu Evangelho ao indicar que era a água de que falava o Salvador: Se alguém que acredita em Mim, do seu interior brotarão rios de água viva. Referia-se ao Espírito Santo que haviam de receber todos os que acreditassem n’Ele: ainda não tinha vindo o Espírito, porque Jesus ainda não tinha sido glorificado; e chama glória à morte na cruz. Por isso, quando o Senhor orava, antes de ser crucificado, pedia ao Pai que O glorificasse com aquela glória que tinha junto d’Ele, antes da criação do mundo.


Oração: Senhor Jesus Cristo, que para nossa salvação quisestes morrer e ressuscitar ao terceiro dia, concedei aos vossos fiéis a graça de obter o pleno triunfo sobre a morte e participar na vossa gloriosa ressurreição. Vós que sois Deus com o Pai na unidade do Espírito Santo. Amém.