Nesta semana, na Memória
Passionis, meditaremos, em união com toda família passionista que neste dia
reza o Ofício Votivo, Jesus que
ressuscita do Sepulcro. Recordando o Sepulcro glorioso de Cristo,
compreendemos melhor que o mistério de Cristo crucificado é inseparável do
mistério de Cristo ressuscitado, e que a Paixão de Jesus recebe a sua plena luz
e compreensão a partir da sua Ressurreição.
Era necessário que Cristo
sofresse para assim entrar na sua glória
Dos sermões de Santo
Anastásio de Antioquia
Cristo, tendo
demonstrado por palavras e obras que era verdadeiro Deus e Senhor do universo,
ao dirigir-se para Jerusalém dizia aos seus discípulos: Subimos para Jerusalém,
e o Filho do Homem será entregue aos gentios, aos pontífices e aos escribas,
para ser escarnecido, flagelado e crucificado. Fazia, na verdade, estas
afirmações em perfeita consonância com os vaticínios dos Profetas, que tinham
anunciado de antemão a morte que Ele havia de sofrer em Jerusalém.
Ora, tendo a
Sagrada Escritura profetizado, desde o princípio, a morte de Cristo com os
sofrimentos que haviam de a preceder, predisse também o que sucedeu ao seu
Corpo depois da morte; e predisse também que Aquele a quem isto aconteceu é Deus
impassível e imortal. De outro modo, nunca Ele seria Deus se nós, com os olhos
postos na verdade da Encarnação, dela não pudéssemos deduzir, com inteira
justiça, as razões de podermos confessar uma e outra coisa, ou seja, o seu
sofrimento e impassibilidade e, ao mesmo tempo, a causa pela qual, sendo o
Verbo de Deus, e, portanto impassível, Se sujeitou à morte. É que, de outra
maneira, o homem não podia ser salvo. Só Ele o sabia e aqueles a quem quis
revelar: conhece, com efeito, tudo o que é do Pai, tal como o Espírito
perscruta as profundezas dos mistérios divinos.
Era
necessário, na verdade, que Cristo sofresse. A Paixão não podia de modo algum
evitar-se. Ele mesmo o afirmou ao chamar insensatos e lentos de coração aos que
ignoravam ser necessário que Cristo assim sofresse para entrar na sua glória. Com
efeito, desceu à terra para salvação do seu povo, deixando aquela glória que
tinha junto do Pai, antes da criação do mundo. Mas a salvação devia consumar-se
por meio da morte do Autor da nossa vida, como ensina São Paulo:
Ele é o
Autor da vida,
elevado à
glória perfeita através dos sofrimentos.
Assim se vê
como a glória do Unigênito, que por nossa causa tinha deixado por breve tempo,
lhe foi restituída, por meio da Cruz, na carne que tinha assumido. É o que
afirma São João no seu Evangelho ao indicar que era a água de que falava o
Salvador: Se alguém que acredita em Mim, do seu interior brotarão rios de água
viva. Referia-se ao Espírito Santo que haviam de receber todos os que
acreditassem n’Ele: ainda não tinha vindo o Espírito, porque Jesus ainda não
tinha sido glorificado; e chama glória à morte na cruz. Por isso, quando o
Senhor orava, antes de ser crucificado, pedia ao Pai que O glorificasse com
aquela glória que tinha junto d’Ele, antes da criação do mundo.
Oração:
Senhor Jesus Cristo, que para nossa salvação quisestes morrer e ressuscitar ao
terceiro dia, concedei aos vossos fiéis a graça de obter o pleno triunfo sobre
a morte e participar na vossa gloriosa ressurreição. Vós que sois Deus com o
Pai na unidade do Espírito Santo. Amém.