Nesta semana e mês que recordamos os nossos queridos que já partiram e rezamos pelas almas do purgatório, para que o quanto antes elas sejam purificadas e possam se apresentar diante da Face do Senhor, façamos nossa Memória Passionis com uma Carta de nosso Santo Pai extraída do Ofício dos Religiosos e Religiosas falecidos da Família Passionista e recordemos do preço da nossa Salvação: o Sangue preciosíssimo de Jesus!
Boa leitura e meditação!
Oh, que santos
pensamentos tive hoje enquanto passeava! Pensamentos de caridade, de amor e de
união com Deus pela minha e sua alma.
Oh, verdadeiro
Deus, que acontecerá aos nossos corações, quando nadarem naquele infinito
oceano de doçuras! Que será, quando, lá em cima, no céu, formos transformados
por amor em Deus e tomarmos posse daquele Bem supremo, que é o próprio Deus!
Que será,
minha filha, quando cantarmos eternamente as misericórdias e os triunfos do
Cordeiro imaculado e de Maria Santíssima, nossa Mãe!
Que será
quando cantarmos sem cessar aquele eterno triságio: Sanctus, Sanctus, Santus,
quando, juntamente com os santos cantarmos aqueles dulcíssimo Aleluia! Que
será, então, dos nossos corações, do nosso espírito? Quando estivermos unidos a
Deus mais do que o ferro ao fogo, que, sem deixar de ser ferro, parece todo
fogo; assim, também nós seremos totalmente transformados em Deus, quando a alma
for toda divinizada. Oh, quando chegará este dia? Quando, quando virá a morte
destruir os muros desta prisão? Ah, esse será o dia dos nossos esponsais, das
nossas núpcias, em que a nossa alma, de uma forma sublime, desposará o nosso
querido Jesus e participará para sempre nesse banquete eterno!
Sinto muito
que continue doente, mas alegro-me de que Jesus, médico divino e amantíssimo
esposo, a confortará na alma e no corpo.
Pois bem, faça
o que puder para não deixar de o abraçar no grande sacramento do seu amor; e
deixe afrouxar todas as rédeas do seu coração, para que desabafe os seus afetos
com este amor infinito; deixe-as, pois, em liberdade, para poder aspirar àquela
glória que, pelos méritos infinitos de Jesus, lhe está preparada; oh, aqui sim,
faz falta abrir o caminho todo, para que deseje, e deseje sempre mais aquele
lindo paraíso onde estaremos eternamente em festa, louvando incessantemente o
nosso Sumo bem, sem perigo de O voltar a perder. Se, depois, tiver de
descansar, faça os seus sonos em Deus e deixe-se perder toda naquele mar imenso
de caridade, contanto que esteja na cama como se estivesse sobre a cruz do
Esposo divino. Já estou a ver que as paredes se reduzem e a pobre encarcerada
voará livremente até à pátria, que o doce Jesus comprou com o seu Sangue
precioso; mas é necessário advertir que, ao sair da prisão, é preciso estar
vestida com roupas cinzentas, onde esteja escrito: eu sou um puro nada; não sou
mais que um abismo de males.
Só Vós, ó meu Deus, sois o que sois,
e de Vós
espero todo o meu bem,
pelos méritos do Sangue do meu Jesus.
Libertando-se, portanto, da prisão com essa pobre roupa cor de cinza com a inscrição do nada, Deus, que é o tudo, ordena que, despojada daquela veste cinzenta, seja a sua alma revestida com um vestido de rainha, tingido de púrpura no Sangue divino do Cordeiro imaculado e ornamentado com as suas divinas virtudes; assim, vestida com todo o esplendor, é colocada no seu trono; sentando-se eternamente à sua mesa divina e cantando para sempre: Santo, Santo, Santo, só Vós sois Santo, só Vós o Senhor, só Vós o Altíssimo, Jesus Cristo!
Texto das Cartas de São Paulo da Cruz extraído da Liturgia
das Horas próprio da Congregação da Paixão, p. 277-278.