- - - Comemoramos hoje
os Santos Anjos da Guarda! - - -
Santa Gema
teve uma relação estreita com o seu Anjo da Guarda.
E como é a
nossa relação com o nosso Santo Anjo da Guarda?
Buscando algum texto que explore um
pouco dos vários aspectos da vida de Santa Gema com o seu Anjo da Guarda,
encontrei no blog:
Este artigo foi escrito em uma
Circular da Obra dos Santos Anjos em 2012.
Vale a pena conferir! E lembre-se: Nós
devemos conviver mais conscientemente com o nosso Anjo. Quanto mais incluímos o
Anjo em nossa vida cotidiana, tanto mais experimentaremos a sua ajuda e
assistência.
Em santa
Gema Galgani temos um bom exemplo de uma vida unida com o Anjo, de um
verdadeiro amor ao seu companheiro celeste e, por isso, ela experimentou muitas
vezes e de diversas maneiras a sua presença e auxílio.
O Anjo - "um
segundo Jesus"
Segundo o diretor espiritual, Pe.
Germano de Santo Estanislau, pode-se dizer que o Anjo da Guarda era para Gema
"um segundo Jesus" (cf. Pe.Germano de Santo Estanislau, Santa Gema
Galgani, a flor da paixão, Porto 1940, pág. 290). E ela mesma disse: "Há
seis dias que não vejo a Jesus; Ele, porém, não me deixou completamente só. O
Anjo da Guarda conserva-se sempre visível junto de mim" (Ibid. pág. 287).
E no seu diário podemos ler: "Como Jesus é bom! Quando Se retira de mim,
deixa o Anjo, que me assiste com incansável amor, vigilância e paciência"
(Ludwig Beda, Tugendschule Gemma Galganis, Baden 1926, pág. 416).
Assim, santa Gema alcançou uma
familiaridade e intimidade muito grande com o Anjo. Queremos transcrever aqui
como ela falava com ele: "Dize-me, meu Anjo, o que tinha esta manhã o meu
confessor para ser tão severo e recusar a ouvir-me? E o Padre que está em Roma
responderá à carta urgente em que lhe peço uma regra de conduta sobre tal
ponto? Dize-me, querido Anjo, quando é que Jesus converterá este pecador por
quem me interesso? O que devo responder a tal pessoa que me pede conselho? E
que pensais vós de mim? Jesus está contente? Como poderei agradar-Lhe?"
(Cf. Pe. Germano, pág. 289). Costumava dizer-lhe: "Ó meu Anjo, amo-vos
tanto!" Ao que o bom Anjo replicou: "Por que?" - "Porque me
tornais boa e humilde, e fazeis com que eu ame a Jesus" (A.D.M., Os Santos
Anjos, Lisboa 1945, pág. 14).
Numa outra ocasião disse-lhe:
"Se eu alguma vez for má, Anjo querido, não te zangues. Quero mostrar-te
minha gratidão". E o Anjo respondeu: "Sim, serei para ti um guia e
teu companheiro inseparável. Não sabes Quem te confiou à minha guarda? Foi o
Misericordioso Jesus" (Pe. Germano, 287).
Mas santa Gema não somente conversava
com o Anjo. Muitas vezes rezaram juntos e cantaram os louvores de Deus. Quando
rezaram os salmos, fizeram-nos alternadamente. Quando rezaram jaculatórias,
começava uma santa competição, e eles clamavam num entusiasmo crescente:
"Viva Jesus!" (Beda, pág. 417).
O Anjo como
conselheiro e professor
Santa Gema mantinha também o hábito
de contar ao seu companheiro celeste todas as suas aflições e as dos outros. E
sempre que alguém lhe pedia um conselho ela perguntava ao Anjo o que deveria
responder, e este, por sua vez, com inefável doçura, respondia a todas as
perguntas. Mas não só isso, ele deu também muitos conselhos e instruções. Uma
vez a fez escrever alguns dos ensinamentos que ele ia ditando. À sua ordem,
Gema sentou-se à mesa, tomou a pena e o papel, enquanto ele, de pé a seu lado,
como um professor junto do aluno, começou: "Lembra-te que quem ama
verdadeiramente a Jesus, fala pouco e sofre tudo. Ordeno-te da parte de Jesus,
que nunca digas a tua opinião, se não te for pedida, que insistas na tua
opinião, mas que cedas depressa. Quando cometeres qualquer falta, acusa-te
imediatamente sem ser preciso que os outros te avisem. Obediência pontual e sem
réplica ao teu confessor, sinceridade com ele e com os outros. Não te esqueças
de guardar a vista, lembrando-te que os olhos mortificados contemplarão as
belezas do céu!" (Pe. Germano,pág. 293). São instruções que a santa
cuidadosamente colocou em prática.
O Anjo como
carteiro
Mas santa Gema não se contentava só
em pedir conselhos ao seu Anjo. Ela também lhe deu tarefas. Inúmeras vezes
encarregou-lhe de encomendá-la a Deus, a Nossa Senhora ou a seus santos
patronos no céu, como também pediu-lhe para transmitir mensagens às pessoas
distantes. E para ela era tão natural que ficava surpresa quando não recebia
resposta. Então, neste caso, mandava cartas pelo correio escrevendo, por
exemplo, a seu diretor espiritual: "E não obstante já há tantos dias que
vo-lo mandei dizer pelo Anjo; como não fizestes caso? Ao menos podíeis
mandar-me dizer por ele que não era vossa intenção ocupar-vos deste negócio. Em
todo caso não vos zangueis se de novo insisto por meio desta carta" (Pe.
Germano, pág.291). Outras vezes ela escreveu cartas e as entregou ao seu Anjo
para que levasse aos destinatários. E ele o fez de verdade! Seu diretor
examinou os fatos, como também as pessoas que conviveram com ela. Uma vez, por
exemplo, sem que ela soubesse, colocaram uma de suas cartas entre duas imagens
de santos. À tarde, de repente, a santa exclamou: "Acabou de sair o Anjo
com a carta na mão". E logo, ao verificarem o lugar onde a tinham
colocado, não acharam mais (cf. Beda, pág. 423).
O
Anjo como educador severo e consolador bondoso
O Anjo, por sua vez, não se
contentava em receber ordens e tarefas de santa Gema. Ele cuidava
fervorosamente dela, guiando-a no caminho da perfeição. Não lhe deixou cometer
nenhuma imperfeição e a repreendia, às vezes, até severamente. Escreve ela
mesma: "Ontem durante a refeição levantei os olhos e vi o Anjo lançar-me
olhares severos; não falava. Mais tarde, quando fui repousar, olhei outra vez
para ele, mas depressa abaixei a vista; meu Deus, como estava irritado! 'Não
tens vergonha', disse-me ele, 'de cometer faltas na minha presença?' Lançava-me
alguns olhares tão severos … Eu não fazia nada senão chorar. Supliquei a Deus e
a minha celeste Mãe que o tirasse diante de mim, pois não podia resistir mais.
De quando em quando ele repetia: 'envergonho-me de ti'. Rezei para que ninguém
o visse neste estado, pois quem o visse assim, de certo nunca mais se
aproximaria de mim. Sofri o dia inteiro, não pude recolher-me nenhum momento; o
seu aspecto permanecia tão severo, que eu não tinha coragem para lhe falar. De
noite não consegui adormecer até que, finalmente, pelas duas horas da manhã, o
vi aproximar-se; pôs-me a mão sobre a fronte, dizendo: 'dorme, criatura má'. E
não o vi mais (Pe. Germano, pág. 293s).
Gema disse uma vez: "O meu Anjo
é um pouco severo, mas sinto-me bem com isso. Nos últimos dias chegou a
repreender-me três a quatro vezes por dia" (Ibid. pág. 293). Outras vezes,
o Anjo a encorajava : "Estava no leito, muito atormentada, quando me senti
subitamente possuída dum profundo recolhimento. Juntei as mãos e, com toda a
força do meu fraco coração, fiz o ato de contrição com uma viva dor dos meus
inúmeros pecados. E tendo eu o espírito absorvido pela lembrança das minhas
culpas, vejo o Anjo junto do leito. Fiquei envergonhada ao ver-me em sua
presença. Ele, pelo contrário, com uma amabilidade cheia de encanto, disse-me:
"Jesus tem uma grande afeição por ti; ama-O muito" (Ibid. pág.296).
Outro dia aproximou-se dela enquanto
fazia a oração da noite, bateu-lhe no ombro e disse: "Gema, como é que tu
levas tanta apatia para a oração?" "Não é apatia", respondeu
ela, "há dois dias que não me sinto bem". "Faze o teu dever com
cuidado, e Jesus te amará mais", replicou-lhe o bom Anjo. E Gema continua
contando: "Roguei-lhe que fosse pedir permissão a Jesus para passar a
noite junto de mim. Desapareceu imediatamente e, obtida a permissão, voltou ao
meu lado. Oh! como se mostrou bom! Quando estava para partir, pedi-lhe que não
me deixasse ainda. 'Não posso', respondeu, 'é conveniente que eu vá'. 'Está
bem, ide e saudai a Jesus por mim'" (Ibid. pág. 297).
O Anjo ajudou-lhe, principalmente,
nos seus sofrimentos e dores, de tal maneira que por várias vezes, sem ele, não
teria conseguido suportar todos os seus tormentos. Disse-lhe ele uma vez:
"Pobre criatura, como és descuidada. Tenho que velar continuamente por
ti" (Ibid. pág. 292). Por isso, ela sempre quis tê-lo ao seu lado quando
sofria. Recebeu muitas luzes do Anjo também nas suas meditações sobre a Paixão
de Jesus, acendendo desta maneira cada vez mais o fogo do amor no seu coração.
Santa Gema tinha vários
"encontros" com o demônio que, às vezes, atacou-a fortemente. Uma vez
aconteceu que o demônio espancou-a tão cruelmente na oração da noite, que a
pobre ficou impossibilitada de se mover. O Anjo, então, ofereceu-lhe seu
auxílio, ajudou-a para subir ao leito e ficou de guarda à cabeceira toda a
noite.
O Anjo
aceita tudo do nosso amor
O seu diretor espiritual achava
exagerado este relacionamento íntimo com o Anjo e deu algumas diretrizes para
ela observar. Ele tinha medo que a santa estivesse sendo enganada pelo demônio.
Por isso, ao aparecer o Anjo, ela devia exclamar: "Viva Jesus!" e
tentar afastá-lo seja com o sinal da Cruz, com água benta ou mesmo com o
cuspir. Caso ele não se afastasse, ela devia convidá-lo a adorar com ela a
Santíssima Trindade. Uma vez aconteceu que o Anjo lhe apareceu e ela tentava
afastá-lo, mas inutilmente; o Anjo não desapareceu. Então Gema cuspiu no rosto
dele, e viu no chão onde tinha caído o cuspe, brotar uma rosa branca, e nela
estava escrito em letras de ouro: "Tudo se aceita do amor" (Ferdinand
Holböck, Vereint Mit den Engeln und Heiligen, Stein am Rhein, 1984, pág. 394).
Viver com o
Anjo
Da vida de santa Gema vale também que
nem tudo podemos imitar como, por exemplo, o envio das cartas pelo Anjo ou as
aparições dele. Mas, o que podemos aprender quando consideramos as experiências
desta santa é uma relação com o Anjo como de uma criança. Não havia nada que
Gema escondesse diante do Anjo ou que não lhe contasse. Por isso, ele sabia
tudo dela, não só porque estava sempre ao seu lado, mas também porque ele ouviu
tudo de sua própria boca. Assim o amor ao Anjo tornou-se fecundo para muitas
pessoas que, desta forma, receberam grandes ajudas de santa Gema Galgani seja
pelas suas fervorosas orações, seja por meio dos bons conselhos que ela deu,
inspirada pelo Anjo. Será que a nossa união com o Anjo já é tão grande que não
precisamos esforçar-nos por fazê-la mais íntima, ou não devemos reconhecer
humildemente que estamos ainda bem no início do caminho? Uma coisa é clara:
quanto mais nós cultivamos a intimidade com o Anjo, amando-o, invocando-o,
falando-lhe de nossas preocupações e fracassos, tristezas e alegrias e as dos
outros também , pedindo sua ajuda, seu conselho e agradecendo por tudo o que
ele faz por nós, tanto mais ele e mais ele
entrará em ação a nosso favor, e a dos outros.