Permita-nos, V. Santidade, comunicar singelamente ao seu
nobre, humilde e manso coração os nossos sentimentos a respeito de sua renúncia
ao ministério de Bispo de Roma.
O
que tivemos a graça e a alegria de ler e ouvir de V. Santidade, desde seu
primeiro pronunciamento como Sucessor de Pedro, até os Documentos Pontifícios,
especialmente Deus caritas est, Caritas in veritate, Spes Salvi e Porta Fidei,
seus livros, sobretudo os três volumes de “Jesus de Nazaré”, de toda a
publicação de L’Osservatore Romano em português; o que pudemos ver
de seus atos e atitudes, tudo aflora à nossa mente e o Espírito Santo nos
assegura que V. Santidade não falou e nem agiu por si mesmo, mas conforme o que
ouviu e aprendeu de Deus, na oração que o faz partícipe da comunhão do Filho
com o Pai; Ele mesmo lhe prescreve o que deve fazer. (cf. Jo
12, 49s) Da estreita união de V. Santidade com Deus em contínuo
diálogo de amor vem a doutrina, as obras e o sofrimento de V. Santidade (cf.
Jesus de Nazaré - Primeira Parte, Introdução)
Sem
minimizar os sofrimentos de seu ministério, que é o bastante para debilitar
fisicamente qualquer jovem super-homem, num primeiro momento, levadas pela dor
lancinante da notícia, naturalmente – pelo grande amor que lhe dedicamos -
teríamos desejado fosse apenas um pesadelo coletivo e que nada se concretizasse;
tivemos ciúmes por V. Santidade, como Josué por Moisés. (Nm 11, 28s) Sentimos, contudo,
que V. Santidade poderia, com Jesus, repreender-nos: “Afasta-te de mim,
Satanás, porque teus sentimentos não são os de Deus, mas os dos homens.” (Mc 8,
33). Entendemos, afinal, que V. Santidade assimilou os sentimentos de N. Senhor
Jesus Cristo: “Jesus de condição divina não se apegou ciosamente à sua
igualdade com Deus, mas aniquilou-se a si mesmo assumindo a condição de
escravo, fazendo-se semelhante aos homens. E sendo exteriormente reconhecido
como homem, humilhou-se ainda mais, tornando-se obediente até a morte, e morte
de cruz. Por isso Deus o exaltou soberanamente...” (Fl 2, 6-9) “... Dei-vos o
exemplo para que, como eu vos fiz, assim façais também vós.” (Jo 13, 15)
Entendemos
também que V. Santidade fez avançar consigo a Barca de Pedro para as águas mais
profundas da vivência da fé inabalavel de que, na pessoa de Pedro – seja ele
quem for – é o próprio Senhor Jesus quem dirige a Igreja e é por
isso que “as portas do inferno não prevalecerão contra ela.” (Mt 16,18)
Nós
o amamos e admiramos imensamente, Santo Padre, e lhe somos eternamente gratas.
Depois do Papa em exercício, as nossas orações serão em primeiro lugar por
intenção de Bento XVI. Jesus o conserve e o guarde no seu Coração
transpassado! Nossa Senhora e São José estejam sempre a seu lado!
De
joelhos pedimos-lhe a benção apostólica.
Suas
indignas filhas do Mosteiro Santa Gema,
Osasco, São Paulo, Brasil
Madre Fátima Cristina do Imaculado Coração e Comunidade