Hoje é o dia do Aniversário do nosso querido São Gabriel de Nossa Senhora das Dores. Segue abaixo um texto falando sobre a sua vida, retirado do site da Família Passionista: http://passionistas.org.br/secao.247.aspx?materia=16 . Vale a pena ler para aprofundarmos cada vez mais na vida do nosso grande intercessor.
O BAILARINO LADRÃO DE CORAÇÕES
Nascimento: 01 março 1838
Profissão religiosa: 22 de setembro 1857
Morte: 27 de fevereiro de 1862
Venerável: 14 Maio de 1905
Beato: 31 Maio de 1908
Santo: 13 Maio de 1920
E pensar que na casa da família Possenti não eram certamente poucos. Papai Sante e mamãe Agnese tiveram treze filhos. Alguns, é verdade, voltaram prematuramente ao céu e alguns outros viviam longe por vários motivos. Mas a casa do governador não ficou vazia. Todavia “em família se era como mortos sem Checchino”. Os severos cômodos da antiga casa adquiriam vida somente se fosse presente ele, Checchino, da alegria contagiosa e do sorriso ladrão. O irmão Michele (Miguel), já velho, repensando à própria juventude a via ainda profundamente marcada da vivacidade e da alegria do esperto Checchino.
Família nobre e numerosa de Checchino; o choro de bebê é sempre novo e fresco. Uma família sobretudo exemplar. Checchino ficou com a família até os dezoito anos, depois viveu seis anos no convento. Vida breve mas plena, vivida rapidamente, aquela de Checchino: ao conhecê-la parece vir-nos um suspiro. Quase impossível tê-lo escondido. “nos roubou o passo”, dirá com felicíssima expressão padre Norberto Cassinelli, seu diretor espiritual. Vida sorridente e fascinante: olhando de perto se descobre horizontes luminosos e libertadores.
E então, vamos rapidamente às datas extremas: Primeiro de março de 1838: nasce em Assisi (Perugia), décimo primeiro de treze filhos, do acessor pontifício da cidade. No mesmo dia o batizaram com o nome do mais ilustre dos seus conterrâneos, Francisco. Em casa e os amigos, porém, o chamarão sempre Checchino e entre os passionistas escolherá o nome de Gabriel. Vinte sete de fevereiro de 1862: morre na ilha de Gran Sasso (Teramo). Vive prodigamente vinte quatro anos . O papai Sante Possenti (Terni 1791-1872) formado em Roma, exercita funções de governador, delegado e assessor do Estado Pontifício em vinte seis cidadezinhas espalhadas em Marche, no Lazio e na Umbria. A mamãe Agnese Frisciotti é uma mulher nobre, doce e santa. Casaram-se em Civitanova Marche (Macerata), país natal de Agnese, no dia 13 de maio de 1823. Desse matrimônio nascem treze filhos: dois morrem logo após o nascimento, dois em tenra idade, quatro (entre estes Gabriel) na plena juventude. O mesmo dia noventa e sete anos depois, 13 de maio 1920, Gabriel será declarado Santo.
Em 1841 Sante é nomeado assessor de Spoleto (Perugia) onde se transfere com toda a família. Aqui, com menos de quarenta e dois anos, morre Agnese que, pouco antes de voar para o céu tem junto de si Checchino, que até então não havia chegado aos quatro anos. Abraça-o longamente, o beija e o confia à Nossa Senhora: Que ela vele sobre aquele anjo de filho ainda assim pequeno e já tão vivaz. E Nossa Senhora assumiu os cuidados tonando-se protetora e guia. Vigia atentamente também o pai Sante que educa com palavras e exemplos. De manhã, antes de ir para o trabalho, reza por uma hora e depois participa da missa levando sempre consigo algum dos filhos. De noite, o terço: que ninguém falte ou se adormeça. Ao final, exorta a todos “inculcando os princípios cristãos”.
Em 1844 Checchino inícia os estudos elementares. Não tem a mãe para preparar-lhe a mochila ou a merendinha. Porém a irmã Maria Luisa, nove anos mais velha que ele, e a governanta Pacifica Cucchi, a substituem no melhor modo. Em 1846, Checchino recebe a crisma e em 1851 a primeira comunhão.
Aos treze anos enfrenta os estudos ginasiais junto aos padres Jesuítas, naquele colégio que em Spoleto chamam orgulhosamente universidade: são anos fundamentais para a sua formação humana, cultural e espiritual. É inteligente, gosta de estudar, tem ótimos resultados, principalmente, nas matérias literárias. Os prêmios numerosos e gratificantes são o resultado. Compõe poesia também em latim; as recitações escoláticas o vêem como protagonista indiscutível e aplaudido. Exuberante, vivaz e perspicaz se torna um ponto de atração para a sua expansividade às vezes excêntrica. Segue a moda, veste-se muito bem e sempre com uma borrifada de perfume. Ama a alegria e onde tem festa, ele é sempre presente. “nasceu para a amizade”, dirão. Quer deleitar-se em tudo e a todo os custos; “A bela vida não o desagrada”. O nome de “bailarino” que lhe dão e que indica, não tanto o amor pela dança, quanto o seu comportamento elegante e distinto, é verdadeiramente merecido. Mas é também bom, generoso, sensível ao sofrimento dos pobres e ama a oração. Verte vida por todos os poros. A caça é o seu esporte preferido, o teatro o fascina, e ele freqüentemente se achega ao pai e à irmã. Nada de estranho, se o coração de qualquer garota começa a palpitar por ele.
Atraem-no os romances e lê àvidamente autores do tempo como Mazoni, Bresciani, Tommaseo e Grossi. Mas não tem muito tempo para sonhar: o futuro se avizinha e precisa prepará-lo. Na família outros já escolheram a própria estrada. Ele o que fará? È verdade: não lhe falta nada, mesmo assim nada o satisfaz plenamente. Quantas vezes, durante os espetáculos teatrais, escapole e vai contar à Nossa Senhora os problemas e ânsias do seu nômade coração. Quantas vezes se tranca no seu quarto diante de uma pequena imagem de Nossa Senhora das Dores, a ele queridíssima, e se encontra com os olhos cheios de lágrimas. E quem diria? Debaixo da roupa elegante, leva sempre consigo o cilício. Uma verdadeira confusão aquele jovem coração. Os repetidos lutos familiares e algumas doenças sofridas, o fazem perecer as alegrias humanas, breves e incosistentes como flocos de neve. Com treze anos por exemplo, adoece gravemente da garganta; vê a seu redor rostos preocupados e tristes. Que susto, pobre Checchino! Implora e obtém a cura do Beato Andrea Bobóla. Próprio nestes momentos, sentiu um grande medo e prometeu fechar-se em um convento, se fosse curado. De fato, pediu para entrar no convento dos Jesuítas, mas depois a vida voltou a envolvê-lo com os seus ritmos e a distrai-lo, com os seus apelos. Melhor assim. Melhor que não tenha partido. Não será o medo, mas o amor a levá-lo ao convento.
O pai resiste a deixá-lo partir. E quem poderia dizer o contrário? Teve treze filhos o papai Sante, e viu ao seu redor uma solidão cada vez crescente. Tereza se casou, Luigi Tomaso é um religioso dominicano, Enrico estuda para se tornar padre, Michele (Miguel) freqüenta a faculdade de medicina e cirurgia em Roma, duas filhas e quatro filhos já faleceram. Em casa, no ano de 1855, restam somente Maria Luisa de vinte e seis anos, Checchino com dezessete e Vincenzo com dezesseis. Sante ama imensamente a todos, porém Checchino é Checchino. É o mais querido de todos, repercute na sociedade, o auxilia como secretário e para ele sonha um brilhante futuro. Como fará sem ele?
Em 1855, um novo luto, entre os mais tristes. No dia 7 de junho, atingida pela cólera, morre, repentinamente, Maria Luisa que em casa tinha substituído a mãe. Checchino é envolvido por um furacão de porquês. A que serve vir e fazer um tanto de projetos se depois... A idéia do convento retorna com mais insistência, mas o pai faz de tudo para que essa não tome caminhos precisos. O que é preciso para que Checchino se decida verdadeiramente? No dia 22 de agosto, pelas estradas de Spoleto se realiza a procissão com a imagem de Nossa Senhora venerada na Catedral. Na multidão ele esta presente . Quando a imagem lhe passa diante, se sente ferir o coração com palavras de fogo que lhe estrafega a alma: “Checchino, o que você está fazendo no mundo? A vida religiosa o espera”. Checchino sai da multidão e se encontra chorando com o rosto entre as mãos. Desta vez é a Mãe que chama. Como é possível resistir? Nada e ninguém o impedirá. No dia 6 de setembro (não se passaram mais de quinze dias), parte de Spoleto e, no dia 10 seguinte, já está em Morrovalle (Macerata) para iniciar o noviciado. Ao longo da estrada superou provas não indiferentes causadas pelo seu pai, para examinar ulteriormente a sua vocação. Mas tinha razão Michele (Miguel) em dizer a todos da família: “Vocês sabem como é Checchino; quando toma uma decisão não volta atrás”.
O “bailarino” surpreende todos
Em Spoleto todos ficam maravilhados e surpresos pela sua imprevista partida. Na manhã do dia 8 de setembro, o professor de letras, padre Luigi Pincelli, entrou na classe, inicia a lição de modo anormal: “vocês ouviram algo sobre o Bailarino? Quem o diria? Partiu para se tornar passionista”. Em Morrovalle Checchino encontra outros dez noviços entre os quais o beato Bernardo Maria Silvestrelli. O mestre é padre Rafael Ricci e vice-mestre o venerável padre Noberto Cassinelli. Checchino se sente finalmente . Também Sante é sereno, convicto da vocação do filho. Aceita “os imperscrutáveis desígnios da Divina Providência”. O que ele mesmo sempre ensinou aos filhos. Agora é ele a inclinar a cabeça mesmo se a dor pela decisão não encontra adjetivos suficientes.
Com dezoito anos, portanto, Checchino muda a página. O filho do governador, com um florescente futuro, o bailarino amante da caça e do teatro se fecha em um convento onde a vida, para o olhar mundano discorre monótona e comum. Tem uma explicação a tudo isto? Claro. Quando Nossa Senhora, pelas estradas de Spoleto, o convidou fixando nos olhos e falando-lhe ao coração, Checchino viu claramente o seu futuro. Um corte visível com o passado e uma fantástica acelaração em direção ao alto. Afascinado, naturalmente pelo belo, tendo intuído que a beleza suprema é a santidade, faz disso o seu único objetivo. E o faz com vigor.
No dia 21 de setembro 1856 veste o hábito passionista e escolhe também outro nome: Gabriel de Nossa Senhora das Dores; título pelo qual sempre invoca Nossa Senhora. O ano seguinte emite a profissão religiosa. No mês de junho de 1958 se transfere a Pieventorina (Macerata) para os estudos filosóficos sob a guia do padre Norberto que o seguirá até à morte. No dia 10 de julho de 1859 está na Ilha de Gran Sasso para o estudo da teologia e a preparação imediata ao sacerdócio. No dia 25 de março, na catedral de Penne (Pescara), recebe a tonsura e as ordens menores. Logo depois adoece; todo o cuidado é vão. Não chega nem mesmo ao sacerdócio. No dia 27 de fevereiro de 1862 “ao nascer do sol” morre confortado da visão dulcíssimo de Nossa Senhora invocada com estrondeante amor: “mamãe minha, vem logo”. Ainda não se passaram seis anos do seu ingresso na congregação passionista. Os coirmãos ficam ali em torno do seu leito a olhá-lo e se nutrem de suavíssimas recordações. E comovidos recordam...
Recordam a sua vida marcada de alegria. Uma alegria que continuamente jorrava do seu interior, perfumava sua vida e que ele semeava entorno a mãos-largas. Uma alegria incontível: visível a cada gesto; brotava em cada relacionamento; esbaldava; fascinava; contagiava. Gabriel tinha se tornado também o cantor. “O contentamento e a alegria que eu experimento é quase indizível; a minha vida é uma contínua alegria. Os dias, ou melhor, os meses me passam rapidíssimos. A minha vida é uma vida doce, uma vida de paz. Estou contentíssimo”. Alegria e sorriso que não terminaram nem mesmo diante da morte. Antes, na própria morte obtiveram a vitória mais bonita. Um dia o chamarão de “santo do sorriso”. Eles, os coirmãos, ainda não o sabem, mas não se maravilhariam se algum o sussurrasse...
Recordamos os seus dias. Tem a aparência comum. Ao invés, nunca encurtados pela rotina. Mártir e poeta do quotidiano. O quotidiano foi o seu pão, a simplicidade o seu heroísmo, o ordinário o seu canto. As pequenas e as frágeis coisas de cada dia, tornavam-se grandes pelo espírito com o qual as realizava. Com essas desenhou o mosaico da sua santidade. Repetia muitas vezes: “Deus não olha o quanto mas o como, nossa perfeição não consiste em fazer coisas extraordinárias mas no fazer bem as coisas ordinárias”. O seu diretor revelará o segredo da sua santidade com uma expressão lapidar: “Gabriel trabalhou com o coração”.
Recordamos a sua vida transcorrida à sombra de Maria. Ela de fato “começou em Spoleto chamando à vida religiosa, o acompanhou e prosseguiu a ajudá-lo na obra da santificação, cumpriu a obra vindo buscar sua alma e levá-lo para perto de si no paraíso”. Nossa Senhora, e particularmente sob o título de Mãe das Dores, foi a razão da sua vida. Emitiu um voto especial: propagar a devoção à Nossa Senhora das Dores.
Mas Gabriel morreu verdadeiramente ? Parece dormir sereno. Todos os coirmãos o olham pela última vez e o vêem assim como descreverá o formador: “O meu Gabriel, dirá padre Noberto, media um metro e setenta, tinha caráter muito vivaz, suave, simpático resoluto e generoso. Tinha um coração sensibilíssimo, cheio de afeto, um modo de fazer sumamente atraente, prazeiroso, naturalmente gentil. Era jovial e festivo, de palavra pronta, arguta, fácil, cheia de graça. De forma geral era ágil e atento em cada movimento da pessoa. Tinha os olhos redondos, pretos, muito vivazes: pareciam duas estrelas e eram belíssimos. A virtude e a santidade lhe eram muito importantes, levava tudo ao cumprimento. Reunia tantos dotes que dificilmente se pode encontrar em uma só pessoa. Todas essas qualidades eram reconhecidas por todos. Gabriel era realmente bonito na alma e no corpo”.
O velório e as exéquias são realizadas. Mas, mais que rezar para Gabriel, rezam a Gabriel: todos são convictos de depor no sepulcro, feito na cripta da igreja, não um cadáver mas uma semente destinada a florescer. O tempo, só Deus o sabe. Mas não será muito longo. Em 1866, os passionistas são expulsos do convento de Isola. Tudo parece entregue ao silêncio.
Ao invés, no ano de 1891 iniciam o processo para a beatificação de Gabriel; em 1892 realizada a exumação de seus restos mortais, acompanhada de chuva e de estrepitosos prodígios. Em 1894, os passionistas retornam a Isola chamados por um jovem estudante que não quer saber de estar morto. No dia 31 de maio de 1908 Gabriel é declarado beato; em 13 de maio de 1920 é proclamado santo com uma celebração verdadeiramente extraordinária para aquele tempo: estavam presente cerca de quarenta cardeais, trezentos bispos vindos de várias partes do mundo e uma multidão imensa.
O resto é história de um fascínio sempre crescente, de uma vida sempre mais cheia. Continua a ser a história de uma santidade que não conhece o fim. No mundo, são mais de mil Igrejas dedicadas a Gabriel. E nos Abruzzo, aos pés do Gran Sasso, onde um tempo se via uma pequena e solitária igrejinha, agora existe um dos santuários mais notáveis e mais queridos, que uma estatísca vaticana coloca entre os primeiros quinze santuários mais freqüentados de todo o mundo. Aqui, Gabriel chama, atrai e acolhe. Inumeráveis peregrinos o visitam. No seu sepulcro brotam graças sobre graças, surgem milagres estupendos. Para muitos doentes, Gabriel é a ultima esperança; para outros, é a única esperança. Para tantos chegar até sua tumba é o sonho longamente cultivado. E muitas vezes, a esperança não é desiludida: o milagre beija um coração aflito, cura feridas que sangram ou renova um organismo dado por incurável.
Gabriel está vivo, sorri ainda. Ainda presenteia com graças e milagres.
ORAÇÃO
Ó Jesus que fizestes de São Grabriel um modelo de amor à vossa Mãe, Maria Santíssima, fazei com que, seguindo o seu exemplo, mereça como ele, na vida e na morte, sua materna proteção. Amém.
Autor: Pe. Pierluigi Di Eugenio, CP
Tradução: Rel. Aurélio Miranda, CPCorreção: Maria Gonçalves de Assis (Tia Lili)Organização: Pe. Alex Antonio Favarato, CP – Reitor do Santuário São Paulo da Cruz.